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Criado por céticos, radicado no pragma, exilado na poesia.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pobre Serafim


Enquanto os conhecimentos se refazem,
Admiro meus sentimentos que se esparcem.
Quanto mais logia pensativa busco ter,
Menos se aclara a razão de meus não-sentimentos.

Os amores de ontem, hoje são dores
Que carrego em minh’alma aturdida.
Pessoa não mais está em mim.
Enquanto isso, uma estranha forma de ódio, sim!

Dado isto, não anseio outro fim,
Que não o de um pobre Serafim.

Indago-te!

Oh, odioso Deus da eternidade,
Sabes tu, o que serei de mim?

Ernesto Molinas

26/09/2010

Lambe Lambe

A ansiedade da iminência se incorpora.
Os personagens em polvorosa se apresentam.
A vergonha e os cruzados vão embora.
Enquanto na multidão, os imutáveis se lamentam.

Ante a câmara, o escuro mudo impera.
A expectativa, não há quem não a tenha.
No clarão de pólvora sem demora,
Uma invertida realidade se desenha.

Fora do manto negro que os ocultava,
Os encandeados olhos do que opera
Se deparam com a realidade que inventara,
Invertida, vertendo da mais pura treva.

Volta ao breu com brevidade, o pensamento
Permeando as entranhas da mais longínqua brenha.

Ernesto Molinas

02/05/2010

Farewell Barajas

El día en que me fui de España
Mis ojos quisieron sufrir.
Hoy, una manta de mil telarañas
No deja olvidar, pero si consentir.

El día en que me fui de España
La guerra estaba en su porvenir,
Y los látigos azotando mis entrañas
Avisaban la proximidad de mi partir.

Un par de hostias me quedaron de herencia.
Gran premio para un Pierrot como yo,
Que posa hojas de parra sobre el canasto de la conveniencia.

Surgiendo, hora tras hora, en busca de clemencia.
Surcando, descorchando botellas de mala leche
Para celebrar el soberbio suceso de mi decadencia.

Ernesto Molinas

09/03/2010

Paradoja Del Tiempo


Notas iniciales de un año que todavía no ocurrió,
Disonantes como arias escupidas por liras de tripas sin curtir.
Falta de ganas y iniciativas para probar que uno aun no murió.
Angustia frente al comodismo, paradoja de la embarazada que no quiere parir.

Ahora, el tiempo que amo y odio, mas una vez
Me azota contra su implacable ambigüedad.
Mas que bello,  señor de la eternidad,
Vete a la quintísima puta que te parió.

El tiempo es un bajo inmortal que marca
Interminables y complejísimos compases.

Por la mismísima inexistencia de dios
Te pido que me traigas la felicidad de tu ausencia.

Ernesto Molinas

09/03/2010

Deprisa, Deprisa


Hazte prisa, que tenemos que salir.
Rumbear al norte por intento de seguir
Lamiendo botas ajenas,
Comprando soluciones obscenas.

Hazte prisa, que hoy hay que huir
De los lamentos eternos de nuestras
Consciencias empedernidas,
De los hallazgos obvios pero aun desconocidos
Que siempre los hay por el camino.

Hazte prisa, pues ahora nos queda correr
Hacia horizontes desbravados y quizás aburridos.
La no novedad del odio que mueve y aplasta,
Que nasce y crece mientras subastas
Las sobras dejadas por tu inconsciencia.

Hazte daño, pues ya no hay más que hacer.
No llorar muertes centenarias,
Ni plantear el soñado viaje a Canarias.
Surcar la dura arena
Buscando tus viejas penas.

Hazte prisa, ya vas a morir!
Por mis manos, las tuyas y las del ocaso;
Dejarás atrás los lamentos no pronunciados;
Llevarás contigo la eterna soledad en que viviste.

Ernesto Molinas

27/01/2010

O Risco da Risca


Mesmo não o vendo, sinto nos olhos o risco
Da risca do horizonte que desapareceu na escuridão.
Sinto a continuidade da Rua Monsenhor Bruno, que, virtual,
Penetra, lenta e cruelmente mar adentro.

Do 18º não sei mais se os capitéis da catedral iluminada rasgam
O céu, a terra ou simplesmente minha inconsciência cristã.

Tal desconhecida e longínqua linha me cheira à criação,
Medo e pena. Ansiedade pela hipótese da preguiça dos deuses,
Ou de Galileu, em trazer outra vez o amanhecer escandaloso.

Impressiona-me que frente à tão ampla visão,
As figuras mais humanas que permeiam minha retinas sejam
Os carros em curtas e rápidas debandadas.

Também disputam em humanidade os sons dos vôos noturnos
Repletos de procedências e destinos desconhecidos.

Quiçá seja por tanta amplitude e desconhecimento que minha visão
Enevoa-se, e o sono implacável mais uma vez me domina.

P.S:

Serenidade de amores vazios
Carência de beijos deslumbrados.
Porquê pelas ruas que passo nada
Deixo, senão a ilusão da eternidade,
Por pouco que dure?

Ernesto Molinas

27/01/2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dans le Froid de l'Enfer

A serenidade destes tempos esquizos
Faz-me estraçalhar os dentes contra os frisos.
Arrepios de frios escaldantes, docemente providos
Pelas sutis caldeiras de um inferno congelado.
Tempos modernos vencidos, laçados à eternidade.

Delícias insólitas formando banquetes indecifráveis,
Forjados a fogo pelas rudes mãos de cozinheiras analfabetas.
Lapsos de sim, ausência de amores sem fim.
Pastilhas para não sonhar!!!
Liquidação em todas as salas da Universidade.

Inocentes crianças verdes, semeando as gemas da maldade,
dizem NÃO ao desmatamento dos bosques da alienação.
Palavras de ordem induzindo o mais absoluto caos.
Versos brancos ansiosos por retificação.
Chuvosos desertos de pluviógrafos mijados.

Enquanto isso, pelas avenidas de minha cidade, passeiam
Doces mentiras de mini-saias, assediadas pelo duro pau da verdade.

Ernesto Molinas

11/11/2009

Desejos

Quer sejam teus pensamentos feitos de tripas, liras ou rosas.
Que a chuva os molhe ou o vento os leve.
Que a doçura os permeie ou o acaso os incendeie.

Quer sejam tristes teus prantos ou insaciáveis tuas gargalhadas.
Que, por mais que dures, jamais se esvaia em ti a virilidade.
Que nada faça com que tua nudez se esconjure.

Assim desejo que sejas, que vivas em plenitude.
Que nasças e renasças, que te sacies, mas que jures...
Que de tudo farás para que em ti a liberdade perdure.

Ernesto Molinas

03/11/2009 

IDÉIA-OU-LOGIA?

Renascença, trança fina,
Ilumina minha sina.

Faz-me triste esta ausência,
Apenas idéias em vã cadência.

Sem o rico nexo lógico
Da certeza óbvia da ideologia.

Revigora-te doce ópio,
Minha vida de hedonismo.

Sacia minha vontade de prazer,
Enche minha rede, faminta de tanto peixe querer.

Ilumina com tua dourada luz molhada de fim de tarde,
A brevíssima obturação de minhas lentes a espreita da felicidade.

Pensamentos inscritos em esferas de saudade,
Atingindo os longínquos bordos maciços da eternidade.

Saborear a simplicidade do estar e não ser
Do profundo saber debruçado sobre areia
À espreita do desconhecido que está por acontecer.
Uma vez sanado o paradoxo da sereia.

Erupção de vida brotando pouco a pouco do emaranhado de algas,
Enevoando o pensamento inundado de água salgada.
Expectativa pelas viris barbatanas prateadas
E os desesperados saltos dos camarões ante a encurralada.

Qual todos aqueles velhos, belos, pequenos e grandes guerreiros do mar quero ser.
A esperar as rajadas de minha vida que estão por vir das mesmas turvas águas.

Viva à vida de onirismos,
Viva La muerte cuando venga!!!

Ernesto Molinas

24/06/2009

Ave Atque Vale Maria!

Ave atque vale Maria, que hoje estás cheia de graça.
O senhor que é convosco não deve demorar.

Bendita sois vós entre as damas desta noite.
Um futuro aborto, o fruto que levas no ventre.

Ave atque vale Maria, mãe deste pequeno deus,
Livrai-o da crucifixão, da dor deste longo adeus.

O pão que não tens nos teus dias,
Não poder-lhe-as dar, nem hoje, nem amanhã.

Mas antes de ir...

Protegei-me da solidão e consumemos este doce
Pecado, sem medo, sem o enredo da submissão.

Sem culpa, ritos, rezas, imagens ou procissão.
Ideologicamente limpo de conceitos e determinismos.

Repleto de existencialismo, em fuga da alienação.

Ernesto Molinas

24/06/2009