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Criado por céticos, radicado no pragma, exilado na poesia.

domingo, 10 de abril de 2011

Rio de Janeiro II

Esta cidade é um belo e pegajoso 

Sapo gordo, de sangue quente e úmido,

De ruas largas com bares e luzes,

De becos estreitos com cheiro de mijo,

Com plantas maltratadas e verdescentes.

Um grande, rugoso e colorido sapo

Que engolimos aos poucos e alegremente,

Devido ao seu anestésico veneno.


Ernesto Molinas
10/04/2011

quinta-feira, 31 de março de 2011

Epíteto Flotante


Cuando muera quiero
Un epíteto flotante,
Un marullo eterno
que me acompañe
Por la lentitud y la turbulencia
de las corrientes marinas,
Por violencia de las olas
Que quiebran sobre las costas.

N                               A     N
     A                   G                   D
           V      E                               O

De los hielos polares
A los arrecifes de coral.

Así quiero que vivan
Mi muerta memoria
y mis cenizas cansadas.

Wilhelm Sanilom
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"UNIVERSO

Con el mar
me hago
un ataúd
de frescura"

Giusepe Ungaretti


Rio de Janeiro I

O apartamento do Largo do Machado,

Apesar de alto e afastado,

querendo imitar a altura dos morros,

é côncavo, e não convexo.

Recluso abrigo, inferno no estomago

de uma cidade que me engole enquanto a vivo.

Ainda não aprendi a vivê-la e não sei

Se me estimula ou oprime.

Não sei se me engole, ou se tento engoli-la.

O que sei é que terminarei digerido ou engasgado.




Ernesto Molinas
0X/03/2011

sábado, 26 de março de 2011

Revista Mahout

Aqui vão os links para as duas edições já publicadas da Revista Mahout.
Este é um projeto que venho cultivando nos últimos anos com alguns amigos espalhados pelo mundo, espero que os eventuais visitantes deste desértico blog as desfrutem.

MAHOUT #1: LA CEACIÓN
http://pt.calameo.com/read/000409412317148db566e

MAHOUT #2: EL RIESGO
http://pt.calameo.com/read/000409412cf03b00b406e

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pobre Serafim


Enquanto os conhecimentos se refazem,
Admiro meus sentimentos que se esparcem.
Quanto mais logia pensativa busco ter,
Menos se aclara a razão de meus não-sentimentos.

Os amores de ontem, hoje são dores
Que carrego em minh’alma aturdida.
Pessoa não mais está em mim.
Enquanto isso, uma estranha forma de ódio, sim!

Dado isto, não anseio outro fim,
Que não o de um pobre Serafim.

Indago-te!

Oh, odioso Deus da eternidade,
Sabes tu, o que serei de mim?

Ernesto Molinas

26/09/2010

Lambe Lambe

A ansiedade da iminência se incorpora.
Os personagens em polvorosa se apresentam.
A vergonha e os cruzados vão embora.
Enquanto na multidão, os imutáveis se lamentam.

Ante a câmara, o escuro mudo impera.
A expectativa, não há quem não a tenha.
No clarão de pólvora sem demora,
Uma invertida realidade se desenha.

Fora do manto negro que os ocultava,
Os encandeados olhos do que opera
Se deparam com a realidade que inventara,
Invertida, vertendo da mais pura treva.

Volta ao breu com brevidade, o pensamento
Permeando as entranhas da mais longínqua brenha.

Ernesto Molinas

02/05/2010

Farewell Barajas

El día en que me fui de España
Mis ojos quisieron sufrir.
Hoy, una manta de mil telarañas
No deja olvidar, pero si consentir.

El día en que me fui de España
La guerra estaba en su porvenir,
Y los látigos azotando mis entrañas
Avisaban la proximidad de mi partir.

Un par de hostias me quedaron de herencia.
Gran premio para un Pierrot como yo,
Que posa hojas de parra sobre el canasto de la conveniencia.

Surgiendo, hora tras hora, en busca de clemencia.
Surcando, descorchando botellas de mala leche
Para celebrar el soberbio suceso de mi decadencia.

Ernesto Molinas

09/03/2010

Paradoja Del Tiempo


Notas iniciales de un año que todavía no ocurrió,
Disonantes como arias escupidas por liras de tripas sin curtir.
Falta de ganas y iniciativas para probar que uno aun no murió.
Angustia frente al comodismo, paradoja de la embarazada que no quiere parir.

Ahora, el tiempo que amo y odio, mas una vez
Me azota contra su implacable ambigüedad.
Mas que bello,  señor de la eternidad,
Vete a la quintísima puta que te parió.

El tiempo es un bajo inmortal que marca
Interminables y complejísimos compases.

Por la mismísima inexistencia de dios
Te pido que me traigas la felicidad de tu ausencia.

Ernesto Molinas

09/03/2010

Deprisa, Deprisa


Hazte prisa, que tenemos que salir.
Rumbear al norte por intento de seguir
Lamiendo botas ajenas,
Comprando soluciones obscenas.

Hazte prisa, que hoy hay que huir
De los lamentos eternos de nuestras
Consciencias empedernidas,
De los hallazgos obvios pero aun desconocidos
Que siempre los hay por el camino.

Hazte prisa, pues ahora nos queda correr
Hacia horizontes desbravados y quizás aburridos.
La no novedad del odio que mueve y aplasta,
Que nasce y crece mientras subastas
Las sobras dejadas por tu inconsciencia.

Hazte daño, pues ya no hay más que hacer.
No llorar muertes centenarias,
Ni plantear el soñado viaje a Canarias.
Surcar la dura arena
Buscando tus viejas penas.

Hazte prisa, ya vas a morir!
Por mis manos, las tuyas y las del ocaso;
Dejarás atrás los lamentos no pronunciados;
Llevarás contigo la eterna soledad en que viviste.

Ernesto Molinas

27/01/2010

O Risco da Risca


Mesmo não o vendo, sinto nos olhos o risco
Da risca do horizonte que desapareceu na escuridão.
Sinto a continuidade da Rua Monsenhor Bruno, que, virtual,
Penetra, lenta e cruelmente mar adentro.

Do 18º não sei mais se os capitéis da catedral iluminada rasgam
O céu, a terra ou simplesmente minha inconsciência cristã.

Tal desconhecida e longínqua linha me cheira à criação,
Medo e pena. Ansiedade pela hipótese da preguiça dos deuses,
Ou de Galileu, em trazer outra vez o amanhecer escandaloso.

Impressiona-me que frente à tão ampla visão,
As figuras mais humanas que permeiam minha retinas sejam
Os carros em curtas e rápidas debandadas.

Também disputam em humanidade os sons dos vôos noturnos
Repletos de procedências e destinos desconhecidos.

Quiçá seja por tanta amplitude e desconhecimento que minha visão
Enevoa-se, e o sono implacável mais uma vez me domina.

P.S:

Serenidade de amores vazios
Carência de beijos deslumbrados.
Porquê pelas ruas que passo nada
Deixo, senão a ilusão da eternidade,
Por pouco que dure?

Ernesto Molinas

27/01/2010