Correntes prendem meus pés, mãos e boca.
A censura silenciosa da aceitação me faz
Ser quem não sou, não me deixa ser
Quem me propus um dia a ser.
O silêncio toma o lugar da palavra,
Os gestos se fazem discretos,
As vontades reprimidas,
Os desejos proibidos.
O tempo passa e te retalha a face,
Te encaminha ao conformismo,
Te transforma naquele que odiavas,
Te frustra e te aliena.
O tempo ainda não passou,
Você pensa ser forte, e luta!
Percebe que o tempo sempre passa,
A luta sempre começa perdida.
Na tentativa de fuga escreves poemas
Pensas ser diferente, pensas resistir.
Mal sabes tu do teu pobre destino.
Mas não te preocupes, estarás sedado.
Sedado pelo veneno da alienação.
Não sabes, mas não tens direito à vontades
Teus desejos são efêmeras entidades
Sem importância ou memória.
Quando sejas o que abominavas
Olharas para o teu passado e rirás
Um riso truculento e carregado de sarro
Que emana da dor da tua existência.
Quando leias isto me abominarás,
Mas antes, não te deixarei esquecer que
Hoje nada mais é do que um furo no futuro
Por onde o passado não para de jorrar.
Se quiseres podes maldizer teu passado,
Mas nunca deixarás de temer teu futuro.
Ernesto Molinas
14/03/2007
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