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Criado por céticos, radicado no pragma, exilado na poesia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desatino


Prefiro dormir sob o sol do meio dia, a venerar a luz na escuridão.
Antes a confusão da feiúra, que o decassílabo sem razão.
Antes vivo moribundo, que mártir da idealização.

Prefiro o subúrbio sujismundo ao alphavile Falso moralista.
Antes triste e depressivo que playboy protohedonista.
Antes marco marciano que monumento maoísta.

Prefiro o prostrado alquimista ao incólume metodista. 
Antes ríspido desgraçado que faceiro materialista.
Antes claro-escuro borrado que integro Maniqueísta.

Na luta contra o preconceito chutei sufixos
Pela liberdade briguei a golpes de neologismo
Na torpeza da rasteira derrubei heróis em pedestais.

Cansado da sagacidade me inundei de filias
Na defesa da brutalidade me tornei um prolixo
Meu prodígio discurso desfez-se em glossolalias

Contra os moinhos de vento travei guerras imorais,
Com meus nervos feitos em fio costurei mortalhas,
Alimentei inúmeras fobias, Platônicos sonhos e retóricas insólitas.

De infinitos espelhismos fui incapaz de retirar uma única reflexão.
De encontros com o idílico fundei minha própria realidade.
De vazios pornofílicos me inundei de estranha virilidade.

Insatisfeito e recluso, aguardo pela cirrose.
Com este poema inacabado me assombro de metamorfose.
Me iludo, me alucino, mim concreto em eterno desatino...

Ernesto Molinas

27/10/2008

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